O que fazer

Em meio ao árido cerrado do Goiás, existe uma microrregião banhada por mais de mil cachoeiras. Onde as águas das bacias dos rios Paraná e Maranhão se dividem. E embaixo deste lugar, há cristais de quartzo de todos os tamanhos — estes conhecidos pela habilidade de filtrar a energia dos passos dados por cada um que cruza essas terras.

Isto é, se existe um portal para o ‘mundo invisível’, ele provavelmente fica aqui, na Chapada dos Veadeiros, perto dos mistérios cravados nas suas paisagens impressionantes, datadas de milhões de anos. 

Contudo, essa estabilidade natural está sendo desfeita pelo agronegócio que, insistentemente, ameaça esse bioma — que, aliás,  só tem 0,85% de áreas oficialmente protegidas. Mas as raízes do problema do cerrado são bem mais profundas, permeiam também o turismo em massa, a mineração e o aumento da população. Por isso, fizemos uma matéria só para falar desse assunto.  

De qualquer maneira, estamos falando da savana mais rica do planeta, formada por um complexo cristalino com rochas variadas, algumas das mais raras que existem. É habitada pela maior comunidade de remanescentes de quilombolas de Goiás, os Kalungas, e por uma quantidade incrível de espécies endêmicas. E trazemos tudo isso para dizer: imagine a quantidade de coisa que se pode fazer por aqui.

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UM DIA NA CHAPADA DOS VEADEIROS

Um dia aqui se resume a acordar cedo, tomar um café reforçado, fazer trilhas até as cachoeiras e só voltar quando o Sol se pôr. E de volta ao seu lugarejo, São Jorge ou Alto Paraíso, sair para aproveitar o centrinho.

Até existem outros municípios na Chapada — Cavalcante, Campos Belos, Colinas do Sul, Monte Alegre de Goiás, Nova Roma, São João D’Aliança e Teresina de Goiás -, mas nada se compara ao município de Alto Paraíso, a capital da Chapada, e São Jorge, região que faz parte do município e está a 40 minutos de Alto. Por isso, as pessoas normalmente se hospedam por aqui, — a menos que queiram visitar cachoeiras mais próximas a Cavalcante, que fica a 1h30 de carro de Alto Paraíso.

Aliás! Além das cachoeiras, o município de Cavalcante tem forte presença Kalunga — descendentes dos escravos fugidos e libertos das minas de do ouro — e está passando por um processo de estruturação; assim, logo poderá dividir o palco com Alto Paraíso e São Jorge. 

VIDA NOTURNA NA CHAPADA DOS VEADEIROS

Os dias são ensolarados e as noites iluminadas. As regiões de São Jorge e Alto Paraíso trazem movimento e vida para o árido cerrado, revelando seus dois mundos: o do dia e o da noite. Porque com o clima fresco que vem depois do Sol, a vontade é de passear pelo vilarejo. O charme das noites iluminadas pelo varal-de-luzes dos restaurantes, o barulho das conversas nos bares e dos pés ‘forrozeantes’ fazem parte! E tem muito o que fazer, o ano inteiro.

De uma cerveja no boteco até um espaço de forró a meia luz, você com certeza encontrará alguma maneira deliciosa de encerrar a noite. Inclusive, em São Jorge, a Lua costuma nascer entre as ruelas: um convite.

PRINCIPAIS RUAS E REGIÕES DA CHAPADA DOS VEADEIROS

O vilarejo de Alto Paraíso é considerado ‘a capital da Chapada’. Sendo o maior e o mais estruturado entre os municípios, ele também conta com o maior número de estabelecimentos e é o mais movimentado. Contudo, ainda que seja relativamente maior, tudo aqui pode ser acedido a pé pelas suas ruas de asfalto. 

Uma curiosidade sobre esse lugar, é que araras, frequentemente, sobrevoam nossa cabeça. E é aqui que também acontece, toda terça e sábado, a Feira do Produtor Rural — uma troca maravilhosa entre as culturas do cerrado e os viajantes curiosos.  

Já em São Jorge a rua é de terra batida. O cenário alaranjado é iluminado graciosamente pela noite, o clima é mais íntimo e os (relativamente) poucos restaurantes são muito bons. A marca registrada da cidade é o Encontro de Culturas, evento anual que acontece por aqui para celebrar a cultura, onde originários tradicionais do Brasil realizam atividades e trocam experiências. Além disso, o Parque Nacional fica por aqui também.

10 ATIVIDADES PARA FAZER NA CHAPADA DOS VEADEIROS

1. Cachoeira do Label 

   Com 187 metros, a Cachoeira do Label é a cachoeira com a queda mais alta de todo o estado de Goiás e, lá de cima, além de ser de onde despencam rochas da Serra Geral do Paranã — rochas que lhe deram essa profundidade — também ficam guardadas histórias dos quilombolas da época do ouro.

2. Cachoeira do Segredo 

   A Cachoeira do Segredo é conhecida por representar a energia feminina da Chapada dos Veadeiros. Com cerca de 100 metros de altura, as suas águas caem por um paredão de cânion fascinante e repleto de verde.
   O próprio caminho, que te leva até essa última cachoeira, já é maravilhoso: percorrido dentro da mata densa, passando por rios e piscinas naturais de cor esmeralda.

   

3. Cachoeira Simão Correia

   A Cachoeira Simão Correia não só é uma das cachoeiras mais lindas com seus 115 metros de queda livre, como também tem uma das trilhas mais impressionantes; e que, inclusive, pode ser feita (parcialmente) a cavalo, por R$ 70.
   Ainda que seja uma trilha difícil, você irá se apaixonar pelo caminho quando estiver atravessando o rio Bartolomeu – o que não é possível na época da cheia-, quando tiver que usar os braços para realizar o que chamamos de ‘escalaminhada’ ou então quando percorrer caminhos em rochas lisas com água correndo do seu lado. Bem inesquecível!

4. Canoa Havaiana

   A Canoa Havaiana é para quem está a fim de alternar no esporte e de conhecer outro bioma da Chapada. O programa é remar pelo rio Serra da Mesa até a Cachoeira do Curralinho, de água azul turquesa. É uma experiência bem divertida (mas não pense que não cansa) e pode ser realizada por qualquer um que saiba nadar.

5. Catarata dos Couros 

   O dia de visitar a Catarata dos Couros é, provavelmente, um dos mais esperados da viagem. Mas aí você se depara com a primeira queda de água, bem larga, forte e maravilhosa e, aos desavisados, fica a dúvida se já é se trata da queda ‘mais especial’. Mas basta começar a caminhar em direção à próxima queda, pela água ou pela trilha, para compreender que Catarata dos Couros é sobre a grandeza de todas as suas quedas juntas, e da força arrebatadora das águas que caem cada vez mais alto, chegando a até 100 metros.

   

6. Complexo Águas Lindas e Canjica

   Bem longe, pouquíssimo conhecida, mas, acredite, vale muito a pena! O Complexo Águas Lindas e Canjica fica em Cavalcante, município da Chapada que está só começando agora a ser explorado pelos turistas. Um paraíso com muitas cachoeiras de água turquesa e esmeralda, como é esse o caso da Canjica.

7. Feira do Produtor Rural

   Toda terça e sábado acontece a Feira do Produtor Rural.
   É uma oportunidade maravilhosa para conhecer mais de perto a cultura local e seus feitos — em forma de artesanatos, comidas do cerrado (como geleias, bolos, sucos e queijos), cosméticos, souvenires.
   A Feira é um espaço que enaltece o valor da cultura da Chapada dos Veadeiros. Tão plural e fértil, interconectada pela vida dos que chegaram para ficar, como os quilombolas Kalunga; ou dos que vem e vão, como os nômades que passam a vida na BR.

8. Visita ao Quilombo Kalunga

   O quilombo Kalunga é o maior, oficialmente, de todo Goiás, com dez mil pessoas vivendo em seu território. E todos compartilham de uma história de mais de 300 anos — lá da época do ouro, onde os seus ancestrais africanos serviram como mão de obra escrava e assim, garimparam a riqueza para os outros.

9. Vale da Lua

   Se a Chapada dos Veadeiros é um lugar de mistérios, UFOs e seres sagrados, o Vale da Lua é o portal!
   Com suas formações rochosas e cristais que remontam a mais de um bilhão de anos, esse sítio geológico é reconhecido por receber as mais extraordinárias “criaturas” em seu solo marcado por crateras, corredeiras e caldeirões. Essas características realmente a fazem parecer com a Lua, e a tornam uma experiência diferente de tudo que você verá ao longo da viagem.

   10. Cachoeira do Dragão

Talvez não exista uma pessoa sequer que tenha visitado a cachoeira do Dragão e não tenha voltado falando sobre a experiência pelos quatro cantos. Diferente de qualquer outro passeio, a ideia do Dragão não é fazer uma trilha e depois relaxar na beira da água (apesar de existir uma cachoeira ao final do caminho.) O que vale aqui é a experiência. Que, por sua vez, vai desde subir a subida mais íngreme da Chapada, nadar por mais de um quilômetro em águas absurdamente geladas (que quase nunca recebem luz) entre os cânions e utilizando roupa de neoprene, capacete e colete salva vidas… Tudo isso em um cenário de mais de 1,8 bilhão de anos.

PREÇO DAS PRINCIPAIS ATRAÇÕES NA CHAPADA DOS VEADEIROS

MAPA COM OS PONTOS TURÍSTICOS DA CHAPADA DOS VEADEIROS

Visando facilitar a visualização dos pontos turísticos pelo viajante, fizemos um mapa com as principais atrações. Confira:

QUANTOS DIAS FICAR NA CHAPADA DOS VEADEIROS

Vale ir em um feriado, vale para passar o mês todo.

Só de fazer dois dias de trilha e se banhar de endorfina em alguma das cachoeiras, já está valendo. E no caso de quem chega voando, considere o meio dia da chegada e partida em Brasília e o trajeto de carro.

Contudo, a verdade é que, a cada dia a mais na Chapada dos Veadeiros, você adentra sua frequência, seu ritmo e tudo vai ficando ainda mais delicioso. Imagine poder reconhecer as pessoas no vilarejo, virar freguês na padaria, repetir um passeio que gostou muito ou, simplesmente, tirar um dia para descansar.

DICAS SOBRE O QUE FAZER NA CHAPADA DOS VEADEIROS

Muito do que se faz na Chapada dos Veadeiros é sobre movimentar-se: acordar cedo e partir para as trilhas, sob o Sol escaldante,  nadar nas águas, e voltar; e amanhã, repetir. E tire um dia para apenas forrozear por aí, por que não?

Basta cuidar do seu corpo: coma bem, mantenha-se hidratado e use filtro solar. Assim você garante que vai estar com o corpinho em dia para acompanhar o ritmo e aproveitar ao máximo a sua viagem.

DÚVIDAS SOBRE O QUE FAZER NA CHAPADA DOS VEADEIROS

1. Quantas cachoeiras visitar em um dia?
   Os caminhos são longos e o ideal é deixar um passeio por dia, que, aliás, às vezes combinam mais de uma cachoeira. Como por exemplo, o Complexo da Canjica, Macaquinhos entre outros.
2. Qual a melhor cachoeira para crianças?
   O Vale da Lua é de acesso fácil, assim como o Parque Nacional que, apesar de dar a opção de caminhadas longas, também pode ser acedido através de uma van — basta reservar no site ou na porta de entrada do parque.
3. Como se preparar para as trilhas?
   Tem trilhas mais fáceis, moderadas e difíceis — às vezes compensa contratar um guia para garantir mais conforto. Seja como for, procure sempre se hidratar e levar um lanchinho na mochila, além de usar a roupa adequada como botas e meias longas. E por fim, não se esqueça do boné e filtro solar.
4. Quantos dias ficar?
   Um feriado ou um mês, vale a pena. Isto é, a partir de dois dias inteiros na Chapada dos Veadeiros, você já consegue aproveitar, fazer uma trilhas e se banhar de endorfina. Sempre levar em consideração a chegada e a partida e, se os dias estiverem curtos, tentar ficar mais próximo as atrações que você pretende conhecer.
5. Qual a estação mais adequada para ir nas cachoeiras?
   A Chapada dos Veadeiros se divide em tempo da água e da seca. Ainda que a alta temporada seja a época da seca, com seu ápice em julho, onde é possível nadar na grande parte das cachoeiras, na temporada das chuvas você verá a região na sua máxima potência. Aliás, vale ressaltar que no começo do inverno não chove, mas as cachoeiras ainda têm força; e com o passar dos meses, em setembro, por exemplo, não chove, mas as cachoeiras tão mais fracas.
6. A maior parte das atrações são pagas?
   Apesar das cachoeiras serem consideradas públicas, o acesso é muitas vezes feito através de espaços particulares. Assim, é cobrada a entrada de, pelo menos. R$ 30.

LISTA DE ATRATIVOS NA CHAPADA DOS VEADEIROS

Pensando em facilitar a vida dos viajantes, a Travel criou uma lista com mais detalhe dos principais pontos turísticos da Chapada dos Veadeiros, com as informações mais importantes, tais como preço, localização e mais detalhes do serviço. Veja a seguir: