O quilombo Kalunga é o maior, oficialmente, de todo Goiás, com dez mil pessoas vivendo em seu território. E todos compartilham de uma história de mais de 300 anos — lá da época do ouro, onde os seus ancestrais africanos serviram como mão de obra escrava e assim, garimparam a riqueza para os outros.
Uma curiosidade é que esse povo viveu duzentos anos isolados em regiões remotas de Goiás. Isto é, só souberam do fim da escravidão cem anos após o acontecimento — o que lhes fez conservar muitos costumes, até hoje. Continuaram seguindo o tempo da chuva, da colheita, das festas e do plantio. Contudo, os quilombolas ainda georreferenciam seus direitos: contra a grilagem, a mineração ilegal e a pesca predatória.
KALUNGAS RESISTEM
Após a mudança da capital para Brasília, em 1942, a grilagem nas terras Kalungas se aprofundou. Contudo, atualmente, o Quilombo Kalunga é reconhecido pela ONU como o primeiro território do Brasil a ser conservado pela comunidade. O território, por sua vez, tem 262 mil hectares, ainda que apenas metade esteja regularizado.
Coincidência ou não, Kalunga significa secreto, especial, o que traduz bastante a vida nesses quilombos, marcado pela resiliência e conservado pelo isolamento, lá no meio do sertão do Goiás, na Chapada dos Veadeiros; ‘E por de trás do mistério, um universo inteiro se aflora!’. Tirei essa frase do próprio site dos Kalungas, vale muito dar uma olhada: ‘Este site é uma pequena tentativa de transportar para o online o fenômeno do povo Kalunga: o passado, o presente e o futuro de algo vivo.’, enuncias os quilombolas.
Além da história fascinante deste povo considerado o único guardião do cerrado, os Kalungas têm comunidades abertas à visitação e próximas (muitas vezes são a entrada) à muitas cachoeiras como a Santa Bárbara, Rei do Prata etc. localizadas em Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás, tudo na região da Chapada dos Veadeiros.
Cavalcante, um dos municípios, também comporta a maior parte do Parque Nacional da Chapada e cachoeiras maravilhosas de cor azul turquesa.
Acontece que como geralmente os turistas se hospedam em Alto Paraíso ou São Jorge, como geralmente, ir até Cavalcante se torna uma longa jornada. Por isso, você deve se programar para iniciar o dia bem cedinho mesmo ou até dormir uma noite em Cavalcante. Assim, no dia seguinte conseguir visitar a mais uma cachoeira. Por aqui, faça questão de ser guiado por um guia Kalunga. Você consegue garantir isso por meio da Central de Atendimento ao Turismo (CAT) em Cavalcante.