Confesso que, quando li a notícia sobre Lisboa ter sido eleita o “Melhor Destino Culinário da Europa” pelo World Culinary Awards, fiquei com um pé atrás. Mas, depois de cinco meses vivendo na cidade este ano e me dedicando à arte de explorar cada um de seus cantos, entendi o porquê: a cidade aprendeu a misturar o melhor da tradição e dos sabores locais com influências de outras cozinhas do mundo para agradar – e conquistar – não só seus mais de 500 mil moradores, mas também os 4 milhões de turistas que a visitam todos os anos.

Por isso, compartilho aqui com você, leitor, as minhas receitas e pratos favoritos de Lisboa. Confesso: sou uma grande fã do “bom e barato”, mas faço questão daquele toque especial que me faria feliz se essa fosse a minha última refeição.

Preparado? Então, vamos começar!

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CAMARÃO AO PIRI-PIRI (O VELHO EURICO)

Para começar, eu precisava honrar as tascas lisboetas nesta matéria. Especialmente aquelas que conseguem dar um toque especial às clássicas receitas “tugas” em um ambiente pra lá de descontraído.

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(Foto: Arquivo Pessoal)

Que Portugal tira proveito de seu contato com o mar para trazer peixes, crustáceos e mariscos frescos à mesa não é novidade para ninguém. E confesso: sou fã de um bom camarão! Aqui, aprendi a apreciar aquele toque de pimenta, especialmente o piri-piri, que eleva o sabor. Já provei muitos camarões em diferentes restaurantes, mas nenhum se compara ao que é servido no O Velho Eurico.

Talvez seja o prato pequeno, feito para dividir, que chega à mesa em uma louça com cara de vó, parecendo despretensioso. Mas, ao provar o camarão bem cozido, com um molho irresistível que fez eu e os meus amigos querer pedir mais, só para passar a tarde de sábado molhando o pão nele o máximo possível, acompanhado de um bom vinho, fica claro que é uma experiência única. Não tem mistério: camarão, molho e uma rodela de limão. Mesmo assim, confesso que nunca provei nada igual.

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(Foto: Arquivo Pessoal)

A graça do Velho Eurico é que os pratos são feitos para compartilhar. Então, vou trapacear um pouco nesta matéria: peça o camarão piri-piri quando visitar o restaurante, sim, mas não se esqueça do polvo à lagareiro e da punheta de bacalhau – sabores que, nossa, eu jamais vou esquecer.

 

PIZZA MARGHERITA (M’ARRECREO)

Em seguida, vamos pegar o Elétrico 28 e desembarcar na cozinha italiana. Aliás, uma coisa que aprendi sobre restaurantes italianos em outros países, depois de morar com algumas italianas de várias regiões, é que só se pode considerar um restaurante italiano realmente bom se ele entrega uma receita simples com maestria. Nesse caso, uma pizza margherita. Não, espere – para mim, a melhor pizza margherita de Lisboa!

Mais uma receita sem mistério: massa, molho de tomate, queijo e manjericão. Mas, no M’Arrecreo, a massa é fina e macia, o molho de tomate é muito mais doce que ácido, a escolha dos queijos – minha parte preferida – é primorosa, e o manjericão, bom… é só um manjericão, mas indispensável. Até hoje, todo mundo a quem indiquei essa pizza me confirmou que ela é realmente muito boa.

E aqui vai aquela dica de amiga: você pode saborear sua pizza no próprio restaurante ou pedir para levar e atravessar a rua até o Miradouro São Pedro de Alcântara, onde poderá curtir a vista linda da cidade, com trilha sonora ao fundo, vendo a vida acontecer em Lisboa. Vou trapacear de novo: antes de ir embora, volte ao M’Arrecreo e experimente o tiramisù! Eleito minha sobremesa preferida em Lisboa – e olha que antes eu nem gosto tanto assim de café.

 

DANISH DE FRUTAS VERMELHAS (FORA ARTISAN PASTRY & BAKERY)

Esse aqui é um dos meus achados aleatórios favoritos do meu bairro! Um dia, enquanto passeava com o cachorro da minha amiga, dei de cara com uma portinha minúscula em uma ladeira. O menu do lugar foi o suficiente para transformar uma Gabriella rabugenta em uma pessoa muito feliz em uma manhã fria. Os sanduíches merecem destaque também, mas o Danish de frutas vermelhas é quem realmente rouba a cena!

(Foto: Restaurante Guru)

Experimente isso: se, em algum dia da sua viagem a Lisboa, você estiver mal-humorada, chateada ou só num daqueles dias sem graça, visite o Miradouro da Graça e depois passe na Fora Artisan Pastry & Bakery para pedir o Danish. Suspeito que as chances do seu dia melhorar são altíssimas – sou a prova viva disso!

A massa folheada, com um toque de açúcar de confeiteiro, já encanta os olhos. Agora, o recheio de creme, com morangos frescos por cima e um toque de pistache… é como dar uma mordida em um bolo de aniversário bem feito. Se é que vocês me entendem! É sério, anotem esse na lista de “Onde comer e beber em Lisboa”!

 

RODÍZIO DE SUSHI (KIKU)

Lembra que eu falei mais cedo sobre os pratos “bons e baratos”? Pois o rodízio de sushi do Restaurante Kiku é o meu exemplo preferido. Nada de luxo – é um cantinho escondido, ali pertinho do Arco da Rua Augusta – mas o jantar por lá nunca me desapontou. E, quando opto pelo takeaway, posso montar minha caixinha do jeitinho que eu gosto. O melhor dos dois mundos!

No Kiku, você encontra os clássicos: sashimis, temakis e, claro, os pratos quentes. Desde que me mudei para cá, aprendi a gostar de sashimi de peixe-manteiga, e os noodles de vegetais com camarão já se tornaram minha comfort food na cidade. Existem opções mais sofisticadas em Lisboa, sem dúvida, mas, se você é como eu e prefere lugares tranquilos, que servem boa comida sem muita frescura, o Kiku merece uma visita.

 

ARROZ COM GAROUPA E CAMARÃO (TASCARDOSO)

Sim, eu guardei o melhor para o final! Por um mero acaso, passeando pelo Príncipe Real, encontrei meu prato preferido de Lisboa: o arroz com garoupa e camarão do Tascardoso. Ele ocupa o primeiro lugar da minha lista de comidas preferidas – arrisco dizer, da vida.

(Foto: Arquivo Pessoal)

A tasca é pequenina, mas o atendimento é muito simpático, e os preços são justos. Comece aceitando o couvert de pães e azeitonas, que complementam toda a experiência. Para quem gosta de vinho branco, vá de branco; para os fãs de tinto, escolha o tinto.

Agora, a melhor parte: o arroz é servido em uma panela que, supostamente, é para duas pessoas, mas todas as vezes que comi consegui repetir facilmente umas três vezes. O arroz bem cozido, a garoupa no ponto certo e os camarões mergulhados em um molhinho saboroso são incomparáveis. E o pãozinho do couvert serve para aquele toque final – molhar no prato e limpar até a última gota, do jeito que eu gosto.

É simples, saboroso, feito com cuidado, e a experiência é totalmente local. Você interage com os atendentes, tira dúvidas, volta, se torna um cliente frequente – e parece que a comida fica melhor a cada visita.

(Foto: Tapisco)

Se estiver em Lisboa ou com passagens marcadas, tente sair um pouco da rota comum, experimente novos sabores, e se conecte com a cultura local através da comida e, claro, das histórias e das pessoas que a preparam.

Promete que, se visitar algum desses lugares, vai nos contar? E, ah, me diga: você acha que Lisboa realmente merece o título de melhor destino culinário da Europa?