O sudoeste da Chapada Diamantina está sob risco devido ao avanço de empresas de mineração. A exploração ameaça comunidades quilombolas, áreas de preservação e ecossistemas únicos, colocando em debate o equilíbrio entre progresso econômico e preservação ambiental.

IMPACTOS DA MINERAÇÃO NO QUILOMBO BOCAINA

No Quilombo Bocaina, localizado na comunidade de Piatã, a mineração já transformou a vida dos cerca de 250 moradores que praticam agricultura de subsistência. Desde 2011, a empresa britânica Brazil Iron opera na região, causando explosões que racharam casas, produzindo poeira que cobre plantações e poluindo o rio Bebedouro, afluente do Rio de Contas.

Embora a mina tenha sido temporariamente fechada em 2022 por decisão do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), os moradores permanecem apreensivos com a possibilidade de retomada das atividades. Catarina Oliveira, uma das líderes locais, alerta que a continuidade da mineração significaria o desaparecimento do quilombo e a degradação irreversível do meio ambiente.

A LUTA CONTRA A MINERAÇÃO E O APOIO DO BISPO

Os quilombolas encontraram apoio em Dom Vicente de Paula Ferreira, bispo de Livramento de Nossa Senhora, conhecido por sua atuação em Brumadinho após o rompimento da barragem da Vale. Ele destaca que o lucro continua sendo colocado acima da vida, e que a luta pela preservação da Chapada Diamantina é essencial para proteger tanto o meio ambiente quanto as comunidades tradicionais.

Enquanto isso, a Brazil Iron argumenta que sua prática é sustentável, mas o avanço de novos pedidos de exploração na região reforça os temores de que o paraíso natural e as histórias de resistência da Chapada estejam sob grave risco.

A URGÊNCIA DE UM DESENVOLVIMENTO RESPONSÁVEL

A situação na Chapada Diamantina evidencia um grave dilema entre desenvolvimento econômico e preservação socioambiental. Priorizar a mineração em uma região de tamanha relevância ambiental e histórica demonstra a persistência de um modelo de exploração predatório que negligencia comunidades tradicionais e ecossistemas únicos.

A falta de consulta às populações locais, como os quilombolas, fere direitos básicos e reforça um padrão de exclusão que perpetua desigualdades. O progresso não pode ser alcançado à custa da destruição de um patrimônio natural e humano tão significativo.

É urgente que o debate sobre a exploração mineral inclua medidas mais rigorosas de fiscalização e garantias reais de que os interesses das comunidades e do meio ambiente sejam colocados acima do lucro imediato. Se a mineração continuar se expandindo na Chapada Diamantina, o impacto ambiental e social será irreversível, ameaçando o futuro de uma das regiões mais preciosas do Brasil.