Julgar o melhor croissant de Paris não é tarefa para os fracos. Pelo contrário, exige concentração, critério e, acima de tudo, um profundo respeito pelo ofício da panificação.

A cena, por sua vez, se desenrola longe dos salões reluzentes. Acontece em um prédio antigo na Île Saint-Louis, que serve como sede do Syndicat des Boulangers desde 1843. Nesse espaço histórico, uma mesa simples coberta de linho vermelho reúne jurados atentos e silenciosos, prontos para avaliar, com precisão quase cirúrgica, as camadas de massa folhada.

A competição oficial — batizada de Concours du Meilleur Croissant au Beurre Charentes-Poitou AOP du Grand Paris— segue critérios rigorosos.

Para começar, todos os competidores devem utilizar o mesmo tipo de manteiga com denominação de origem protegida (AOP). Essa exigência nivela o campo de jogo, permitindo que a análise se concentre exclusivamente na técnica, no sabor e na textura de cada croissant.

Além disso, os organizadores selecionam o júri com atenção aos detalhes. A equipe inclui profissionais da indústria, entusiastas da panificação, aposentados do setor e especialistas em ingredientes. Entre eles, por exemplo, está uma jurada da edição deste ano que representa oficialmente a AOP da manteiga Charentes-Poitou.

Esse ano de 2025, ganhou o Des Racines et Du Pain.

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SILÊNCIO, RESPEITO E FLOCOS DE MASSA

Durante a degustação, o silêncio domina a sala. Cada jurado prova cinco croissants por rodada e não recebe nenhuma informação sobre a origem das amostras. Aliás, o regulamento é direto: ninguém pode trocar olhares, opiniões ou notas. Em outras palavras, o momento exige concentração total — quase como uma missa laica em homenagem à arte da boulangerie.

Foto: Eat like a French

Dois boulangers aposentados cortam e distribuem as fatias com precisão e cuidado. Eles também monitoram todo o processo sem dizer uma palavra. A avaliação, então, leva em conta vários critérios: aparência, crocância, aroma e, claro, o sabor.

Ainda que a experiência tenha um lado subjetivo, os jurados geralmente chegam a uma espécie de consenso. Sempre se forma uma elite clara entre os finalistas. Mesmo os concorrentes que ficam nas últimas posições, muitas vezes, entregam croissants melhores do que os encontrados fora da França. No fim das contas, a competição vai além de eleger o melhor croissant de Paris: ela celebra um ofício que molda a alma culinária da cidade.

Foto: Eat like a French

OS CAMPEÕES DE 2025

Os resultados do concurso foram divulgados durante a tradicional Fête du Pain, em maio. Abaixo, a lista dos 10 melhores croissants da Grande Paris — endereços que transformaram manteiga e farinha em poesia folhada:

  1. Des Racines et Du Pain – Clamart
    Basil Fourmont

  2. Boulangerie La Parisienne – 10º arrondissement
    Mickaël Reydellet

  3. Mille et 1 – 6º arrondissement
    Yongsang Seo

  4. Boulangerie Moderne Rabineau – 5º arrondissement
    Thierry Rabineau

  5. Boulangerie Lorette – 13º arrondissement
    Cédric Arsac

  6. Le Moulin de la Croix Nivert – 15º arrondissement
    Jean-Yves Boullier

  7. Boulangerie Magali Charonne – 11º arrondissement
    Nicolas & Magali Roquais

  8. Maison Pailliette – Saint-Mandé
    Grégory Pailliette

  9. La Fabrique aux Gourmandises – 14º arrondissement
    Lionel Bonnamy

  10. La Boulangerie Bleue – Rueil-Malmaison
    Elio Chaya

Esses endereços foram selecionados com base em critérios técnicos e sensoriais, e representam o que há de mais refinado na cena boulangerie da capital francesa. Para os amantes de croissant, são paradas obrigatórias em uma rota que combina tradição, excelência e muito, muito sabor.

CONHEÇA PARIS 

Paris é sempre uma boa ideia, já diria Audrey Hepburn. A cidade está em nosso imaginário como um lugar onde a delicadeza e a força se combinam; onde o ar carrega perfume, cheiro dos pães recém saídos do forno e romance. Tem sua arquitetura-referência, as molduras mais icônicas de todo Velho Continente, e criou um universo onde a arte é tão importante quanto a história. Ah, e ainda é dona de um dos sorrisos mais marcantes do nosso tempo: a Monalisa.

Na capital francesa, a sensação é de que se está sempre acompanhado de elementos importantes e de lugares especiais, vivendo algo único, mesmo dentro do metrô ou só flanando por aí. Por lá, cada caminho importa; afinal, em uma cidade tão icônica, estar, demorar-se e apreciar já é vivê-la… Aprenda com os franceses “A arte de viver” e simplesmente exista, mas em Paris, descobrindo que, às vezes, os clichês são realmente o que valem a pena.

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