O governo da província de Bali, na Indonésia, está propondo um hiato de dois anos para novas construções de hotéis, vilas, discotecas e beach clubs nas áreas mais densamente povoadas da ilha, como Canggu, Seminyak, Uluwatu e Ubud. A medida, que visa controlar a expansão acelerada do turismo na ilha, foi anunciada pelo governador interino Sang Made Mahendra Jaya e já recebeu uma resposta positiva do Ministério Coordenador de Assuntos Marítimos e Investimentos.

Nos últimos anos, Bali experimentou um boom turístico que, embora tenha impulsionado a economia local, também trouxe uma série de desafios. Extensas áreas de campos de arroz, que fazem parte da identidade cultural e paisagística da ilha, foram convertidas em terrenos comerciais, muitas vezes sem as aprovações necessárias do governo. Além disso, a venda desregulada de álcool tem contribuído para o aumento do comportamento desordeiro e da criminalidade, gerando tensões entre moradores e turistas.

“A moratória é essencial para desacelerar a expansão imobiliária desenfreada e proteger tanto os recursos naturais quanto a qualidade de vida dos residentes locais”, afirmou Jaya. Ele também destacou que a pressão sobre a infraestrutura pública da ilha tornou-se insustentável, com serviços de água, transporte e segurança urbana cada vez mais sobrecarregados.

IMPACTOS

O fluxo contínuo de turistas tem contribuído para a degradação ambiental e a perda de identidade cultural em algumas áreas da ilha.

Seminyak e Canggu, por exemplo, a proliferação de beach clubs e hotéis de luxo transformou vilarejos tranquilos em centros movimentados e ruidosos, levando ao aumento do tráfego e do custo de vida local. “A identidade de Bali está se diluindo”, lamentou um morador local, que vê a paisagem natural e o modo de vida tradicional desaparecerem em meio à expansão turística.

 

 

PARALELOS COM O MUNDO

Bali não é o único destino global que está adotando medidas para lidar com o impacto negativo do turismo massivo.

Cidades europeias como Veneza, Lisboa e Atenas também estão ajustando suas políticas para promover um turismo mais sustentável. Na Grécia, o governo anunciou a imposição de taxas de até € 20 para turistas de cruzeiros em alta temporada, com o objetivo de controlar o número de visitantes em locais superlotados. Já em Roma, as autoridades estudam cobrar uma taxa simbólica para visitas à Fontana di Trevi, a fim de controlar a multidão que visita o famoso ponto turístico diariamente.

Fontana di Trevi

Fontana di Trevi

A Itália, por sua vez, está considerando um aumento significativo nas taxas turísticas, especialmente em hotéis de alto padrão, onde os turistas poderão pagar até € 25 por noite. Esses ajustes não visam apenas aumentar a arrecadação, mas também mitigar os efeitos prejudiciais do turismo de massa sobre a infraestrutura e a qualidade de vida dos habitantes locais.

Caso aprovada, a moratória permitirá que o governo provincial de Bali adote uma abordagem mais cautelosa em relação ao desenvolvimento da ilha, priorizando projetos que respeitem o meio ambiente e a cultura local. O objetivo é garantir que Bali continue sendo um destino atraente e sustentável tanto para os visitantes quanto para seus habitantes.

Além da moratória, o governo local também planeja adotar uma série de iniciativas para regular melhor o comportamento dos turistas, como a limitação de festas noturnas em áreas residenciais e a imposição de regras mais rígidas para o consumo de álcool.

A expectativa é de que, durante o período de dois anos, as autoridades possam reavaliar as políticas de gestão turística da ilha, criando uma infraestrutura capaz de suportar o crescimento do turismo sem comprometer os recursos naturais e a vida local. A medida reflete um movimento crescente em destinos globais de turismo, que buscam equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e cultural.

Com o aumento das preocupações globais sobre os efeitos do turismo de massa, Bali está em uma encruzilhada. A ilha enfrenta o desafio de manter seu apelo turístico, ao mesmo tempo que protege sua herança cultural e ambiental. A moratória proposta é um primeiro passo em direção a um modelo de turismo mais responsável, que valorize tanto os turistas quanto os moradores.

Bali, conhecida por suas paisagens deslumbrantes, templos antigos e cultura vibrante, continuará a atrair visitantes de todo o mundo. No entanto, a forma como a ilha gerenciará esse fluxo crescente será crucial para garantir que o turismo não se transforme em uma ameaça ao próprio encanto que torna Bali tão especial.