As Ilhas Faroe, um arquipélago remoto no Atlântico Norte, entre a Islândia e a Escócia, são conhecidas por suas paisagens vulcânicas e clima imprevisível. Ventos fortes, chuvas e névoas densas podem dificultar o transporte de carro ou ferry, mas os habitantes locais encontram soluções engenhosas para contornar esses desafios. Em um exemplo notável, os faroenses construíram túneis subaquáticos, que conectam as ilhas e facilitam a mobilidade no arquipélago.
Arte, cultura e conectividade. Estas são três palavras que definem o Túnel de Eysturoy, que conecta a maior ilha, Streymoy, à segunda maior, Eysturoy. Com quase 11 quilômetros de extensão e profundidades que chegam a 187 metros abaixo do nível do mar, esses túneis não são apenas uma obra de engenharia impressionante, mas também um exemplo de como a arte pode transformar a experiência de viajar.
O túnel de Eysturoy, inaugurado em 2020, conta com uma rotatória subaquática que se tornou uma atração turística, com sua iluminação em constante mudança, comparada à aurora boreal ou medusas brilhando ao sol.
A rotatória, projetada pelo artista Tróndur Patursson, representa a união dos faroenses em seu ambiente desafiador. A instalação de aço e o círculo de figuras interligadas simbolizam a resiliência e a colaboração dos moradores. Além disso, a experiência é enriquecida com uma paisagem sonora composta por Jens L. Thomsen, que utiliza sons da própria construção do túnel e do ambiente natural.
O mais recente túnel, o Túnel de Sandoy, inaugurado em 2023, conecta a ilha de Streymoy à pequena ilha de Sandoy, facilitando o acesso à região. Com 10 quilômetros de extensão e 155 metros abaixo do Atlântico, esse túnel também apresenta arte em suas paredes de basalto, com imagens do folclore local, como um bispo com um machado de batalha e uma mulher-foca, criadas pelo artista Edward Fuglø. A paisagem sonora, composta pelo compositor Sunleif Rasmussen, também adiciona uma camada sensorial única à travessia.
Além de sua beleza e inovação, esses túneis têm um impacto significativo na vida cotidiana. A conectividade melhorada entre as ilhas tem facilitado o turismo e impulsionado a economia local. O tempo de viagem entre Tórshavn, a capital das Ilhas Faroe, e Eysturoy foi reduzido de 60 para apenas 15 minutos. Em Sandoy, o túnel foi crucial para o crescimento populacional e econômico, com novos negócios, como o Café Retro, surgindo na região.
Os túneis subaquáticos das Ilhas Faroe representam uma fusão única de arte, engenharia e conectividade, transformando as ilhas remotas e oferecendo aos turistas uma experiência inesquecível. À medida que mais ilhas se conectam, as Faroe se tornam um destino cada vez mais acessível, atraente e fascinante para quem busca explorar o que há de mais inovador em infraestrutura e cultura.