O Monte Fuji, icônico símbolo japonês, continua sem neve em seu cume, marcando o período mais longo sem a formação de neve desde o início dos registros, há 130 anos.
Normalmente, uma camada branca começa a aparecer no topo da montanha no início de outubro, mas o verão de 2024 foi o mais quente já registrado no Japão, o que contribuiu para o atraso.
As temperaturas entre junho e agosto foram 1,76 °C mais altas que a média, e o calor persistiu em setembro, impulsionado por uma corrente de ar quente associada à corrente de jato subtropical.
Os especialistas apontam que esse atraso na primeira neve do Fuji está alinhado com previsões sobre mudanças climáticas e aquecimento global. Como afirmou Yutaka Katsuta, meteorologista do Escritório Meteorológico Local de Kofu, à AFP (Agence France-Presse) as mudanças climáticas podem estar influenciando o atraso nas formações de neve na montanha.
Com o aquecimento global, a expectativa é de que eventos de neve em grandes altitudes tornem-se mais raros e menos frequentes, uma tendência que impacta diretamente ecossistemas e a atividade turística.
O Monte Fuji, que atinge 3.776 metros de altura, é uma das atrações mais populares para turistas e alpinistas, recebendo mais de 220 mil visitantes por temporada de escalada, que vai de julho a setembro. Este ano, no entanto, as autoridades japonesas implementaram uma taxa de entrada e um limite diário de visitantes para controlar o impacto do turismo excessivo.
Esses esforços buscam proteger o ecossistema da montanha e preservar sua beleza para as futuras gerações. Isto é, a ausência de neve pode mudar temporariamente a experiência visual que o Monte Fuji oferece, afetando tanto a população local quanto os turistas, além de levantar preocupações sobre o impacto a longo prazo que as mudanças climáticas podem causar no ecossistema da região.
A montanha, que aparece em inúmeras obras de arte japonesas, como na série de gravuras do famoso “A Grande Onda” de Hokusai, e que inspira a cultura nipônica há séculos, está sendo vista agora sob uma nova ótica. Em um ano marcado por recordes de calor em todo o mundo, o Monte Fuji é mais um símbolo das transformações ambientais que o Japão, assim como muitas outras partes do globo, enfrenta diante das mudanças climáticas.