Perto das cidades que recebem mais turistas, são vários os “flutuantes”, essas construções sobre as águas, que oferecem a oportunidade dos turistas interagirem com os botos-cor-de-rosa, os simpáticos mamíferos de água doce parentes das baleias e dos golfinhos. O passeio faz parte da programação de praticamente todos os hotéis e cruzeiros na Amazônia.

Ao chegar a um desses flutuantes, existem regras, e elas serão explicadas antes de todos entrarem na água. Você vai receber uma boia para usar na cintura e apenas duas ou três pessoas podem “descer” com a pessoa responsável por alimentar os botos para a plataforma submersa construída para deixar a água também na altura da cintura. Em outros lugares, é proibido entrar na água, apenas ver uma pessoa alimentando os botos, já acostumados com os horários das “refeições”.

Tudo bem que os botos vivem livres nos rios e não presos como nos famigerados parques aquáticos da Flórida (que definitivamente não deveriam mais existir). A justificativa para esse tipo de experiência é que o contato dos homens com os animais ajuda na conscientização ambiental… Mas todos os biólogos e instituições sérias estão sempre alertando sobre a problemática desse tipo de interação, porque não se deve nunca alimentar animais selvagens, já que altera seu comportamento natural. No caso dos botos, se tornam mais agressivos uns com os outros na competição pela comida. 

Os botos cor-de-rosa estão em extinção. Mas, apesar disso, antes da “experiência” não há qualquer explicação sobre os reais motivos que ameaçam a vida da espécie: a construção de represas e barragens; a poluição dos rios por conta da indústria, da agricultura e da mineração, atividades que nós mesmos mantemos. Ou seja, só serve mesmo para que turistas satisfaçam sua vontade de tirar fotos para postar em redes sociais. Sem qualquer reflexão sobre a importância da preservação do meio ambiente para que os botos e milhares de outras espécies da fauna e da flora não desapareçam do planeta.