O Brasil enfrenta um cenário alarmante de enchentes no Rio Grande do Sul, queimadas no Sudeste e Centro-Oeste e secas históricas que se estendem por todo o país. Esses fenômenos, intensificados pelas mudanças climáticas, têm elevado a questão da sustentabilidade ao centro das discussões sobre turismo.
Neste contexto desafiador, surge uma oportunidade: com a presidência do G20, que sediará sua cúpula no Rio de Janeiro no próximo mês, e a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), programada para Belém em 2025, o país se posiciona como protagonista nas discussões sobre a sustentabilidade no setor.
O Ministério do Turismo já está adotando o conceito de “ecoturismo sustentável”, implementando ações que buscam preservar florestas e apoiar comunidades locais. O ministro Celso Sabino enfatiza que o Brasil é considerado o principal destino mundial para ecoturismo, segundo a Forbes, e que essa tendência pode atrair turistas preocupados com questões sociais e ambientais. Durante uma live da série “Caminhos do Brasil”, ele destacou a importância do ecoturismo como um instrumento de preservação, enfatizando a adoção de práticas sustentáveis, desde o transporte até a gestão de resíduos.
Uma das iniciativas mais recentes do ministério é o mapeamento de comunidades indígenas que praticam turismo comunitário. Até o dia 31 deste mês, comunidades e organizações poderão preencher um formulário online para facilitar a coleta de informações. Com a identificação dessas comunidades, o ministério espera promover produtos turísticos mais alinhados à cultura local.
No mês passado, o grupo de trabalho de Turismo do G20 se reuniu em Belém e reafirmou o compromisso global com a resiliência climática e a qualificação profissional no setor. As discussões resultaram em uma carta, assinada por representantes de mais de 40 países, que será avaliada na cúpula do G20, marcada para os dias 18 e 19 de novembro. Entre as recomendações estão o financiamento para pequenas empresas de turismo e linhas de crédito para áreas prioritárias, como resiliência climática e desenvolvimento social.
O ministro Celso Sabino celebrou a oportunidade histórica que o Brasil tem de sediar eventos de alta relevância global, como a COP30, que também desloca a atenção para a Amazônia, um elemento central nas discussões sobre sustentabilidade. Marcelo Freixo, presidente da Embratur, ressaltou a importância desse deslocamento, afirmando que a realização da COP30 em Belém ajudará a consolidar a região como um destino turístico.
Em preparação para a COP30, o governo federal está criando uma secretaria extraordinária para coordenar as ações necessárias em Belém, monitorando obras de infraestrutura e assegurando a qualidade dos serviços turísticos. Sabino mencionou que dois grandes navios estão previstos para atracar no porto da cidade, além de novos hotéis sendo construídos para atender aos visitantes da conferência.
As recentes enchentes no Rio Grande do Sul também serviram como um alerta sobre a urgência de respostas mais rápidas a emergências climáticas. Para isso, será implantado um Centro de Resiliência no estado até dezembro, inspirado em modelos de sucesso de países como Japão e Jamaica. O centro não apenas protegerá vidas, mas também dará suporte a empreendedores do setor de turismo, assegurando uma retomada ágil das atividades.
Por fim, a mobilização do setor privado é crucial na promoção de práticas sustentáveis. Ana Carolina Medeiros, presidente do conselho da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) Nacional, destacou o engajamento da entidade em conscientizar seus associados sobre a importância da sustentabilidade, por meio da “Jornada 2030”. Ela enfatizou a necessidade de evitar tragédias como as que ocorreram em 2024, reforçando o compromisso da iniciativa privada em colaborar com o poder público para garantir um turismo responsável e sustentável.