A culinária japonesa em Tóquio é simples, mas repleta de significados. A base está no arroz, missô, vegetais fermentados e peixe. No entanto, o que parece repetição traz camadas de cultura, saúde e tradição. Além disso, os momentos do dia servem para muito mais do que alimentar: são experiências sociais e coletivas.

COMPLETO: UM POUCO DE TUDO
O dia costuma começar com o asa gohan, o café da manhã tradicional: arroz branco, sopa de missô, peixe grelhado e picles. Parece pesado? Para os japoneses, funciona como forma completa e nutritiva de começar o dia. Quem prefere algo prático encontra versões modernas nas lojas de conveniência, como onigiris ou sanduíches leves.

Comer isso às 7h da manhã, em silêncio, reflete o valor dado à ordem, à sazonalidade e à saúde. Portanto, a lógica do “um pouco de tudo” se mantém desde o período Edo (1603–1868), quando Tóquio ainda se chamava Edo e se consolidava como centro político do Japão.
Foi também nesse período que surgiu o sushi, não como conhecemos hoje, mas como adaptação urbana da conserva de peixe fermentado do interior.

A HISTÓRIA DOS CLÁSSICOS
O sushi, talvez o prato mais famoso da culinária japonesa em Tóquio, nasceu como comida de rua: prático, servido com as mãos, feito com peixe fresco e arroz avinagrado. Hoje, aparece em diferentes formatos: dos balcões sofisticados, onde o chef prepara peça por peça, aos rodízios automatizados ou supermercados. Em todos os casos, o frescor do ingrediente segue sendo prioridade.

Outro clássico é o tempurá. Ele chegou ao Japão no século XVI com os portugueses e se popularizou durante o período Edo como comida de rua. Preparado em barracas, era comido de pé, como lanche rápido. No entanto, hoje aparece em restaurantes especializados, servido em porções crocantes e delicadas, com toques de refinamento.

No almoço, os japoneses recorrem aos bentôs: marmitas com arroz, proteína, legumes e acompanhamentos dispostos em caixinhas. Eles podem ser preparados em casa ou comprados em estações, lojas e mercados. Assim, a refeição se torna prática, equilibrada e visualmente bonita.

À noite, a pedida pode ser um izakaya, bar japonês onde se come e bebe com calma. Portanto, é o ponto de encontro de colegas e amigos após um dia longo. O cardápio traz pratos para compartilhar: yakitori, tofu gelado, frango frito (karaague), arroz frito e, claro, muita cerveja ou saquê.

Outro prato frequente no jantar é o lámen (ramen). Com caldo quente, macarrão e cobertura de carne ou vegetais, o prato veio da China e ganhou estilos locais. Em Tóquio, o mais popular é o shoyu ramen, com caldo à base de molho de soja. Existem casas especializadas com filas na porta e opções mais informais, sempre rápidas e saborosas.

SOBREMESA
A sobremesa pode ser tradicional, como o wagashi, feito de feijão azuki, arroz ou gelatina natural, geralmente acompanhado de chá verde. Contudo, nas ruas, doces modernos ganham espaço: sorvete de chá verde, crepes recheados, melon pan e sobremesas geladas.

A sobremesa pode ser um doce tradicional, chamado wagashi, feito com ingredientes como feijão azuki, arroz ou gelatinas naturais. Normalmente, servidos com chá verde, especialmente em momentos mais cerimoniosos. Nas ruas, os doces são mais modernos: sorvete de chá verde, crepes recheados, melon pan (pão doce com casquinha crocante) e doces gelados ganham espaço.
BEBIDAS
Para beber, o saquê ainda é muito presente em jantares especiais, mas o dia a dia gira em torno de cerveja e shōchū (destilado de batata-doce ou cevada). Tóquio também tem ótimos bares de coquetelaria, onde cada drink é preparado com precisão e silêncio — uma experiência à parte.

Para beber, o saquê ocupa um papel histórico. Produzido há mais de mil anos a partir da fermentação do arroz, ele foi durante séculos a principal bebida japonesa, associada a cerimônias religiosas e celebrações familiares. Hoje, segue presente em jantares especiais, mas divide espaço com a cerveja, que chegou ao Japão no século XIX e rapidamente se tornou parte da rotina. Marcas japonesas como Asahi, Kirin e Sapporo estão entre as mais consumidas nos izakayas.
Outro destaque é o shōchū, destilado de batata-doce, cevada ou arroz que se popularizou especialmente no pós-guerra por ser mais leve que o saquê e combinar bem com refeições diárias. Já o umeshu, licor de ameixa criado no período Edo, traz um sabor adocicado e é servido tanto puro quanto com gelo. O uísque japonês, inspirado nas técnicas escocesas, começou a ser produzido no início do século XX e ganhou prestígio internacional nas últimas décadas, fazendo de Tóquio um destino de excelência para apreciadores.
- Shōchū.
- Chá verde (ocha).
Nas mesas informais, o chu-hai (coquetel de shōchū com refrigerante de limão ou frutas sazonais) representa a bebida descomplicada do dia a dia, enquanto o chá verde (ocha) continua onipresente, reforçando o elo cultural entre refeição, tradição e bem-estar. Para além disso, os bares de coquetelaria em Tóquio elevaram a mixologia a um ritual silencioso e preciso, consolidando a cidade como referência também no cenário internacional de drinks.
MAIS DO QUE SABOR: É SOBRE COMO SE COME
A culinária japonesa em Tóquio não é apenas sobre o que se come, mas sobre como se come. Cada refeição é planejada com respeito ao ingrediente, ao tempo e às pessoas à mesa. Comer em Tóquio significa experimentar essa relação com a estação e com o coletivo. Assim, é mais do que sabor — é cultura.
Para fechar com chave de ouro, temos um guia ainda mais completo, com recomendação de restaurantes na capital japonesa.







