Principal responsável pelo apelido “Caribe Brasileiro” atribuído ao mar de Alagoas, Maragogi é famosa por suas praias de água quente e tonalidades de verde e azul, protegidas por quilômetros de arrecifes. A região faz parte da chamada APA Costa dos Corais (APA significa Área de Proteção Ambiental), uma barreira que se estende de Pernambuco a Alagoas por impressionantes 135 quilômetros — a maior das Américas e segunda maior do mundo — e é formada por recifes de corais, animais que se assemelham a estruturas fixas, e se desenvolvem a partir de colônias infinitas de pólipos dos quais depende grande parte da vida marinha. Maragogi é um município localizado no litoral norte de Alagoas, próximo à fronteira com Pernambuco. A distância entre Maragogi e Maceió é quase a mesma que entre Maragogi e Recife, portanto vale comparar rotas e preços das passagens partindo das duas capitais.
Não à toa, a grande atração aqui é visitar as Galés de Maragogi, as mais antigas e tradicionais piscinas naturais da região. Todos os dias, catamarãs, lanchas e escunas partem das praias em direção às Galés levando turistas para observar os peixes e a vida marinha dos corais, em uma experiência encantadora que aproxima os visitantes à natureza do local. Há também duas outras piscinas naturais para onde são realizados os passeios, as Taocas e a piscina de Barra Grande, mas, antes de falar um pouco sobre cada uma delas, queremos explicar como funciona o movimento das marés e porque é tão importante ficar de olho nele durante sua visita a Maragogi.
É FUNDAMENTAL ENTENDER SOBRE AS MARÉS
Acompanhar o movimento das marés é imprescindível para planejar e aproveitar ao máximo sua viagem para Alagoas. A costa alagoana é dominada por piscinas naturais, de Pajuçara a Maragogi, mas estas só se formam durante a maré baixa, e permanecer na área quando ela volta a subir pode ser perigoso e já foi causa de afogamentos. O ideal é acompanhar a tábua de marés, anotar o horário de pico da maré baixa e chegar no local pelo menos uma hora antes, para aproveitar o movimento de descida da água.

Recuo da água do mar na maré baixa em Ponta do Mangue, Maragogi. Foto: Sedetur/Lucas Meneses.
A tábua de marés é fornecida pela Marinha brasileira para diversos pontos do nosso litoral. Para o estado de Alagoas, a tábua é fornecida para a região de Maceió, mas pode ser usada como referência para a costa alagoana como um todo. A tábua se organiza em duas colunas, uma com a data de referência e outra com as horas de picos de marés altas e baixas junto com a altura da água, em metros. Após cada horário de pico, a maré começa a subir ou descer novamente.
Para saber se a maré daquele dia está própria para passeios às piscinas naturais, vai depender de onde é seu destino. Exemplo: para as Galés de Maragogi, por serem mais distantes da praia e mais profundas, o passeio se dá idealmente em marés de 0.3 para baixo, enquanto nas piscinas de Barra Grande, onde há bancos de areia que deixam o local mais raso, o passeio pode ser feito na maré de 0.6 até com crianças.
COMO ACONTECEM AS MARÉS?
O movimento de sobe e desce das marés é regido pela gravidade da Lua, que puxa a água dos oceanos em sua direção. Na verdade, a Lua exerce sua força de gravidade sobre todos os corpos do planeta, inclusive na gente, mas seu efeito só é relevante em corpos hídricos de grande volume, como o mar.
Conforme a Terra rotaciona e a Lua gira em torno dela, essa movimentação vai causando picos de maré baixa e alta a ciclos de aproximadamente 12 horas e 25 minutos, ou seja, dois picos de maré baixa e dois de maré alta quase diariamente — infelizmente, somente um dos picos de maré baixa acontece em período diurno. Se não conseguiu visualizar o fenômeno com essa explicação, o Nexo Jornal faz uma demonstração com infográficos didáticos neste vídeo.
OS PASSEIOS ÀS PISCINAS NATURAIS DE MARAGOGI
Os passeios são feitos de barco, o trajeto leva de 10 a 20 minutos entre a praia e os recifes de corais, e a permanência permitida ali é de até duas horas. Todos os turistas devem nadar de forma que flutuem, sem pisar e destruir os frágeis corais, que já vêm morrendo a uma velocidade assustadora por conta da elevação da temperatura da água dos oceanos; para flutuar, pode-se optar por usar um colete salva-vidas (o colete também te protege de pisar nos ouriços-do-mar).

Flutuação com snorkel nas Galés de Maragogi. Foto: Sedetur/Kaio Fragoso
O snorkel, equipamento essencial para observar a vida marinha, não está incluso: leve o seu ou alugue um com os barqueiros (sai de R$ 10 a R$ 20). Outro gasto opcional é fazer o mergulho de cilindro conduzido (pelo menos R$ 100 a mais), em que o turista nada bem próximo à areia e entre os arrecifes, segurado e guiado por um instrutor. Mas essa modalidade pode ser decepcionante pela falta de mobilidade e preço excessivo, especialmente para quem já tem costume de mergulhar com cilindro. De catamarã, que tem uma capacidade maior e cobertura contra o sol, o percurso sai por volta dos R$ 65, e de lancha, que é mais rápida e conta com menos passageiros, por R$ 75.
Os passeios partem da praia central de Maragogi e da praia de Barra Grande sempre que a maré permite. Por conta das restrições ecológicas para preservação, os horários são restritos e pré-definidos para todas as operadoras. Os barcos, então, chegam ao mesmo tempo e não é possível aproveitar a flutuação de forma exclusiva. Os peixes se assustam e fogem com a movimentação excessiva, mas não há outras opções. Devemos lembrar que estas restrições são o que permite que o ecossistema marinho não seja destruído pelo turismo predatório, e mesmo com elas a experiência vale a pena.

Após deixar os turistas desembarcarem, os barqueiros deixam suas escunas ou catamarãs por perto, em meio aos arrecifes. Foto: Sedetur/Kaio Fragoso.
Outras regras ditadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade incluem não alimentar os peixes, evitar o uso de nadadeiras ao mergulhar nas águas rasas e não comprar artesanatos feitos com animais marinhos. Apesar das regras, os barqueiros que oferecem pacotes de fotografia com os peixes levam ração para atrair os animais, uma prática que tem consequências terríveis para o ecossistema dos arrecifes. Por isso, recomendamos não comprar o pacote de fotos ou a oferta de ração — fica mais difícil ver os peixinhos, mas você sai com a satisfação de contribuir com um passeio sustentável.
GALÉS, TAOCAS OU BARRA GRANDE?
Maragogi se diferencia do resto da região da Costa dos Corais por ter uma enseada mais distante da barreira de corais, formando piscinas naturais mais longe da praia. As três principais são as Galés, as Taocas e as piscinas de Barra Grande. Em virtude de restrições para preservação ambiental do ecossistema, um número limitado de pessoas pode visitar as piscinas diariamente, e esse número é diferente para cada uma das piscinas, de acordo com o tamanho. A altura ideal das marés também varia de acordo com o local, embora os barqueiros vendam os passeios mesmo com as marés acima desses pontos.
Atualização Covid-19: Durante a pandemia, o número de visitantes foi ainda mais restringido, para limitar o contato entre pessoas. É este número que você vê aqui, e será atualizado conforme revisão das normas de quarentena.
As Galés são as mais antigas e mais profundas, e portanto também as maiores. Elas ficam em frente à praia do resort Salinas de Maragogi. Aqui, você pode fazer o passeio de flutuação e de mergulho entre os peixinhos. O limite de visitantes diários é de 750 pessoas. Seu nome faz referência a embarcações movidas por remos, as galés, que já foram vítimas de naufrágio por causa dos corais em épocas passadas. A altura ideal das marés para aproveitar essa piscina é até 0.3. Os barcos partem para a área dos recifes da praia central de Maragogi.
As Taocas são as vizinhas menos famosas, mas também oferecem o passeio para flutuação sobre os corais. Os barcos também partem da praia central de Maragogi, apesar de estas piscinas se encontrarem na frente da praia de Burgalhau. A experiência é muito similar, a diferença fica pela extensão e profundidade das piscinas; aliás, a altura ideal das marés para curtir as Taocas é de até 0.4. As Taocas são mais rasas que as Galés, e são também as menores dentre as piscinas naturais de Maragogi; por isso, recebem menos visitantes por dia, no máximo 288, e não realizam os passeios de mergulho conduzido. O termo taoca dá nome a um tipo de peixe aparentado aos baiacus e coberto por manchas em sua coloração.
Uma situação um pouco desagradável que vem acontecendo é que os turistas não sabem que estão visitando as Taocas. Os barqueiros vendem seus pacotes como visitação às “Galés de Maragogi”, mas, pela questão da limitação do número de pessoas, acabam levando os visitantes às Taocas, sem avisar. Essas piscinas são tão lindas quanto as outras, mas é chato ser vítima de desinformação. Veja o relato do site Viaje na Viagem: “As fotos que você vê neste post são de Taocas; se eu não tivesse perguntado ao chegar, ninguém teria me dito…”
As piscinas de Barra Grande ficam próximas à praia de mesmo nome, famosa pela faixa de areia que avança dois quilômetros mar adentro, o Caminho de Moisés. Por conta deste banco de areia, as piscinas naturais de Barra Grande são as mais rasas de Maragogi, o que faz delas a opção ideal para levar crianças. A altura ideal para visitar as piscinas de Barra Grande é de até 0.6, o maior nível entre as três. O diferencial destas piscinas é que o Caminho de Moisés também serve como uma forma gratuita de chegar na altura dos recifes de corais — claro, se a maré permitir —, e dali pegar o barco. Caso não seja possível, o serviço de catamarãs também está disponível a partir da praia. As piscinas de Barra Grande recebem até 576 pessoas por dia.
AS PRAIAS DE MARAGOGI
Das mais badaladas Antunes e Barra Grande às mais tranquilas Peroba e Burgalhau, as praias de Maragogi oferecem um misto de passeios, descanso e movimento. Não deixe de ler sobre o passeio de bike aquática de Ponta do Mangue e sobre o banco de areia da Crôa de São Bento. As praias são também sucesso certeiro para quem viaja com crianças; as barreiras de corais fazem das águas um reduto calmo e raso para levar os pequenos.

Praia de Peroba. Foto: Sedetur/Lucas Meneses.
Praia de Peroba: Bem próxima à fronteira com Pernambuco, esta praia é um pouco mais selvagem, cercada por coqueirais e com pouquíssima estrutura. É a mais distante para quem vem de Maceió, mas é boa pedida para quem casa Maragogi com a pernambucana Porto de Galinhas num mesmo roteiro. É mais frequentada por locais, portanto não vê tanto movimento quanto suas vizinhas — nesta praia, a tranquilidade nunca está em falta.

Praia de Ponta do Mangue. Foto: Sedetur/Lucas Meneses.
Praia Ponta do Mangue: Penúltima praia antes da fronteira com Pernambuco. Tem águas rasas e quentes, muita natureza e um mar azul esverdeado de encher os olhos. A infraestrutura aqui conta com alguns poucos bares e quiosques, mas o indicado é não depender deles e levar alguns lanches para não passar perrengue.
Daqui também parte o diferenciado passeio de bike aquática em direção aos arrecifes. O veículo é impulsionado pelos próprios turistas, e chega a ser mais fácil que pedalar uma bicicleta em terra, já que são estabilizadas por dois flutuadores, no estilo dos catamarãs. As bikes ainda são leves e não agridem os corais, fazendo delas uma forma ecológica, interativa e muito gostosa de chegar às piscinas naturais. O receptivo Porto do Sol oferece aluguel das bikes (R$ 30) ou, para um passeio mais completo, organiza a expedição de bike aquática (R$ 150), que leva em um trajeto guiado de duas horas por entre os corais e com paradas para banho.

Piscinas naturais da Praia do Xaréu. Foto: Sedetur/Lucas Meneses.
Praia de Xaréu: Próxima a Antunes, compartilha as características naturais da vizinha famosa. Deserta, aqui você praticamente não encontra outros turistas, mas também não vê restaurantes — leve algo para comer. Conhecida como localidade de um ensaio de fotos realizado pela atriz Bruna Lombardi, uma seção dessa praia também recebeu o apelido de “Praia da Bruna”, muitas vezes confundida com uma praia separada.

Praia de Antunes. Foto: Sedetur/Lucas Meneses.
Praia de Antunes: Uma das mais famosas praias do litoral norte alagoano, por sua beleza natural no entorno da areia e pela coloração turquesa intensa, que durante o dia vai variando em tonalidades de azul e verde. É tida por muitos como a melhor praia da região, mas para realmente ver o motivo dos elogios, prefira ir em dias úteis, para curtir a praia sem a multidão dos fins de semana. A infraestrutura não é sólida, baseando-se em mesinhas e cadeiras colocadas por alguns ambulantes.

O Caminho de Moisés, na praia de Barra Grande. Foto: Divulgação
Praia de Barra Grande: Daqui partem catamarãs e escunas até os corais para mergulho nas piscinas naturais de Barra Grande, mas a praia tem ainda outra grande atração: o Caminho de Moisés, comprido banco de areia que se estende em direção ao oceano. O caminho se forma nas marés de – 0.1 a 0.2, sendo que em 0.2 a areia já está coberta pela água (chega nos joelhos). É uma das praias com a melhor infraestrutura da região, servida por bares e restaurantes pé na areia com vista para a água verdinha. Os bancos de areia e a barreira de corais fazem dela uma praia de águas calmas e rasas na maré baixa, deliciosa para se passar uma tarde inteira caminhando no mar ou apenas relaxando na areia.
Pedimos apenas que, ao visitar o Caminho de Moisés, fiquem muito atentos quanto às marés. Elas sobem perigosamente rápido e começam a cobrir o Caminho em seu início, mais próximo à praia, dificultando a caminhada de volta e, pior, enganando os desavisados que descansam na outra ponta.

Praia de Burgalhau. Foto: Sedetur/Jonathan Lins.
Praia de Burgalhau: Praia menos conhecida e também menos visitada, mas logo ali ao lado da praia central de Maragogi, tem areia batida e uma natureza linda e preservada. É a praia que fica em frente às Taocas. A estrutura é simples, mas há saídas para passeios de buggy e às Galés, e alguns restaurantes posicionam mesas e espreguiçadeiras diretamente na areia, onde os visitantes podem comer e repousar bem pertinho do mar. O Restaurante Burgalhau monta pergolados simples na areia, fornecendo sombra para as mesas onde são servidos os pratos de frutos do mar regados a cerveja gelada ou suco natural.
Praia de Maragogi: Assim é chamada a praia central de Maragogi, de onde partem a maioria dos passeios às Galés e Taocas. Apesar de levar o nome da região, não é a mais bonita dali; é uma praia urbana e muito movimentada, e não é recomendada para banho. Conheça essa praia na hora de embarcar no catamarã em direção às Galés; para caminhar, descansar e tomar banho de mar, prefira as vizinhas.
Praia de São Bento: Vila de pescadores, São Bento escapa um pouco às rotas turísticas tradicionais, e não é a mais indicada para banho, mas daqui parte o passeio de jangada para as piscinas naturais de Crôa de São Bento, em marés de até 0.6. Crôa, na geologia, significa banco de areia, e é exatamente até um destes que o barco leva, deixando seus passageiros desembarcarem na areia branca e molharem os pés na água morna e azul clarinha do mar, ao lado de uma incrível formação de corais (sem mergulho).
O vilarejo também é o lar dos bolos de goma de Maragogi, biscoitos doces à base de leite de coco semelhantes a sequilhos, moldados artesanalmente em formatos de conchas pelas mãos de moradoras locais. Um dos melhores pontos de venda é a Fábrica do Bolo de Goma da Irmã Marlene, onde, além de provar e comprar os docinhos a preço de fábrica, pode ser que você testemunhe a produção dos bolos de goma ao vivo no local. Um pacote pequeno fica por volta de R$ 6, fazendo deles uma opção perfeita para presentear amigos na volta para casa.