Seja sua primeira vez na Baviera ou a centésima visita, explorar o vibrante centro histórico da Cidade Velha de Munique, ou Altstadt, é uma experiência imperdível. Grande parte dos edifícios históricos foi reconstruída após os bombardeios da Segunda Guerra Mundial, e graças ao planejamento urbano dos antigos reis bávaros e líderes modernos, o centro é incrivelmente fácil de explorar. O layout é composto por grandes áreas abertas, passeios exclusivos para pedestres e uma variedade de comércios que cercam as atrações e prédios históricos.

Na Cidade Velha, as distâncias são tão curtas que é possível visitar todos os pontos turísticos em uma única caminhada, ou, se preferir, dedicar um dia inteiro para conhecer o centro em detalhes.

Comece pela Marienplatz, o ponto central da cidade, onde se encontra a Neues Rathaus, a nova prefeitura. Há também uma antiga prefeitura na Marienplatz, que não tem mais funções administrativas, mas permanece como um edifício representativo do conselho municipal e patrimônio da cidade.

A nova prefeitura oferece um espetáculo diário na torre do relógio, com figuras mecânicas que representam personagens, cavalos e cavaleiros, movendo-se graças ao mecanismo do relógio. A torre possui dois níveis, cada um narrando uma história genuinamente de Munique, acompanhada pelas melodias dos 43 sinos da torre. Este espetáculo, conhecido como Glockenspiel, acontece diariamente às 11h e 12h, e também às 17h durante o verão.

No nível superior, as figuras encenam o casamento de Wilhelm V, com um torneio medieval onde o cavaleiro bávaro triunfa sobre o cavaleiro francês. No nível inferior, as figuras dançam e rodopiam, comemorando o fim de uma epidemia de peste no século XVI, quando os fabricantes de barris (Schäffler) saíram às ruas para dançar e aliviar o medo da população. Essa dança, chamada Schäfflertanz, é uma tradição de Munique, celebrada a cada sete anos, com a próxima prevista para 2026, mas pode ser antecipada para celebrar a vitória contra a COVID-19.

Da Marienplatz, avista-se a Frauenkirche, a catedral mais importante de Munique, construída na era medieval e completada em apenas 20 anos. A catedral, de estilo gótico, possui duas torres adornadas com domos finalizados no século XVI. Dentro da igreja, os visitantes podem ver a “pegada do Diabo”, que, segundo a lenda, foi deixada após um pacto entre o supervisor da construção e o Diabo.

Perto da velha prefeitura, encontra-se a Peterskirche, a igreja mais antiga da Cidade Velha, construída no século XIV sobre as bases de um monastério beneditino do século IX. A torre da igreja, com oito relógios, oferece vistas incríveis da cidade.

Dentro, turistas podem se admirar com a “pegada do Diabo”, uma pegada marcada no chão que acompanha uma lenda: supostamente, o supervisor da construção da igreja fez um trato com o Diabo em 1468, para subjugar dificuldades financeiras e angariar os fundos necessários para a compleição do edifício. Em troca, o Diabo teria pedido que a igreja fosse erguida sem janelas, tornando-se um templo dedicado à escuridão. Ao entrar, ficou satisfeito por não enxergar janela alguma, mas ao perceber que as janelas estavam obstruídas pelas colunas internas da igreja, ficou furioso, pisoteando o chão e deixando sua pegada. Claro, tudo nessa história cheira a armadilha para turistas, porém ainda é interessante conhecer a cultura e receber essa curiosidade como parte da atração.

Na outra extremidade da Marienplatz, ao lado da velha prefeitura, encontra-se a Peterskirche, outra catedral de grande importância histórica, visto que é a mais antiga igreja dentro da Cidade Velha de Munique. Foi construída no século XIV sobre as bases de um monastério beneditino do século nono (d.C.). É famosa por ter oito relógios na torre do sino, a qual foi acrescentada posteriormente ao prédio principal e tem estilo renascentista, destoando da arquitetura romântica do resto do edifício. A torre da igreja pode ser alcançada e provém vistas incríveis do topo da cidade.

Seguindo nessa direção e rumando um pouco ao norte, é fácil chegar no que pode ser a área mais turisteira da Cidade Velha, as ruelas de lojas e restaurantes onde podemos encontrar o Hofbräuhaus am Platzl, o grande salão cervejeiro que foi fundado pessoalmente pelo duque bávaro Wilhelm V. Antes considerado a cervejaria real, hoje é uma cervejaria estatal, um conceito que só poderia existir na Alemanha, país da cerveja. 

Desde aquela época, a marca Hofbräu se popularizou e hoje há várias casas Hofbräu espalhadas pelo mundo, inclusive no Brasil, porém a de Munique é a original, e já acumula cerca de 400 anos de idade e tradição. Tem uma atmosfera pesada de turismo, visto que o lugar busca replicar a sensação do Oktoberfest, com os tradicionais quartetos de sopro alemães onde os músicos vestem Lederhosen e chapéus tirolês (aqueles verdinhos com uma pena do lado, sabe?).

A Platzl, nome da praça onde se encontra o Hofbräuhaus, é um lugar encantador, com a carinha da Baviera. Os prédios ali são antigos e ficam colados uns nos outros, fazendo desta parte da cidade um cantinho muito agradável para pedestres. No andar térreo dos prédios históricos, diversos restaurantes, lojinhas e outros comércios dominam as fachadas – e também uma porção da rua, acomodando seus clientes em mesinhas e bancos na frente das portas. 

E se você já não aproveitou para fazer uma parada para o almoço por ali mesmo, siga para o sul da Cidade Velha para conhecer o melhor da comida de rua e alimentos frescos de Munique. O Viktualienmarkt é uma grande feira recheada de barraquinhas vendendo carnes, peixes, a famosa bratwurst (clássica linguiça alemã) e frutas frescas (difíceis de encontrar na Alemanha devido ao clima frio). Aproveite para experimentar pratos tradicionais da Baviera, como o creme de queijos Obatzda ou o rolo de carne Leberkäse, servido com pão, ou ainda tome um copo de suco fresco em um dos estandes de frutas. 

A feira também tem seu próprio biergarten em meio às barraquinhas, onde você pode levar toda a comida que comprou e complementar com uma caneca de cerveja direto do barril – em Munique, há uma lei que permite que clientes de biergartens consumam sua própria comida, desde que não tragam suas próprias bebidas à mesa.

Para fechar a tarde, volte ao ponto de partida e ande pela rua Neuhauserstraße, a promenade que liga a Marienplatz à Karlsplatz, praça nomeada em homenagem ao príncipe-eleitor Karl Theodor (foi ele mesmo que escolheu o nome, aliás). A caminhada não chega a durar dez minutos, e o trajeto repleto de lojas e cafés atrai turistas e nativos pela atmosfera vibrante do lugar. 

Após passar através do Karlstor, um dos grandes portões remanescentes da antiga muralha que circundava Munique, a larga avenida de pedestres segue até a Karlsplatz, e as torres da Frauenkirche podem ser avistadas por trás das lojas e prédios durante o caminho entre as duas praças.

A Karlsplatz ainda é conhecida pelos locais por outro nome, Stachus, em homenagem a Eustachius Föderl, dono da taverna regional Beim Stachus (“No Stachus”, em alemão). Raramente você verá um muniquense se referir ao local por seu nome oficial; na verdade, Stachus é tão comum que até os bondes e os trens do metrô anunciam a paragem por seu apelido ao passar pela Cidade Velha de Munique.